Esquecendo por um momento, mas só por um momento, a visão estritamente jurídica, para nela logo recair, passo-lhes minha perspectiva pessoal da empresa, grande, média ou pequena. Como nasce uma empresa? Brota de uma idéia, de um sonho que se torna realidade, mediante a conjugação de esforços, de convergência de interesses, de união de bens e serviços. Vejo-a numa dimensão maior do que a mera busca do lucro, porque ela assume dimensão social, gerando empregos e transformando vidas. Constitui a base de sustento de milhões de pessoas e de famílias, bem assim a viga mestra do sistema capitalista.
Como funciona? Sabemos todos como isso pode ser complexo.
E assim voltamos ao jurídico. Ela configura feixe multifacetado de relações, de bens, de pessoas, todas vivendo num figurino legal. Para utilizarmos antigas expressões do direito romano, diremos que a empresa, a depender de sua natureza e de sua finalidade, pode representar uma universitas rerum, um conjunto de bens. Pode igualmente traduzir-se numa universitas personarum, um conjunto de pessoas, esta mais voltada às sociedades de prestação de serviços de toda ordem.
Em qualquer caso, a empresa não prescindirá da colaboração humana, valendo-se dos melhores cérebros, dos mais brilhantes executivos, dos mais competentes administradores, dos mais dedicados funcionários, dos mais qualificados profissionais, para alcançar os seus objetivos e atingir as suas metas.
Por isso, valer-se-á das técnicas mais apuradas, dos métodos mais testados, das mais refinadas habilidades, mas procurará, sempre, na pessoa dos profissionais que contratar, a postura humanista, voltada para valores eminentemente humanos, como dignidade, ética, respeito, decência.
Juridicamente, podemos resumir a empresa como relação entre pessoas e entre pessoas e bens e serviços. Lembro do saudoso Ruy Cirne Lima, para quem, nas suas lições de direito administrativo, a pessoa jurídica se resumia a uma relação. E toda relação trará consigo a visão humanista, bafejada pela ética e pela ciência, pelo respeito ao outro e às regras instituídas, internas e externas.
O caminho do lucro e da plena consecução dos objetivos traçados passa por tal postura. Empreender significa sonhar com os pés no chão, para realizar o que começou apenas como um sonho.
Artigo da autoria de Nestor José Forster