Com as aulas suspensas no Rio Grande do Sul, a única opção para as escolas manterem os dias letivos é a realização de aulas na modalidade à distância (EaD). Isso significa que diversos custos como luz, água, manutenção, alimentação de funcionários e alunos foi diminuído drasticamente. De outro lado, vários investimentos foram implementados a fim de que essas aulas ocorressem. São despesas com servidores, licenças de software, equipe de TI, treinamento de docentes e apoio, dentre outras. Some-se, ainda, os valores aplicados no planejamento de retorno com segurança, como equipamentos de proteção individual (EPIs), adaptação dos espaços e mais treinamento, e chegamos a patamar igual ou possivelmente superior às despesas supostamente poupadas.
A realidade é que muitas escolas se anteciparam e já forneceram todos os descontos possíveis sem prejuízo da atividade fim, sem demissão de professores ou corte de salários. De outro lado, a entrega do serviço está ocorrendo. Não como antes, é bem verdade, mas nada, neste momento, acha-se na situação de alguns meses atrás. A educação infantil, o ensino fundamental e médio não foram projetados para o ensino EaD, pois tradicionalmente ministrados presencialmente. Agora, professores moldados para aquelas aulas presenciais necessitam se reinventar – em forma e conteúdo – para obterem êxito no uso de novas ferramentas e ainda conseguirem atingir os alunos.
Nesse contexto, a escola deve demonstrar-se apta a mediar a administrar todos os interesses envolvidos, que não são poucos e, por vezes, antagônicos. Deve mostrar–se preparada para acolher situações individuais que comprovem necessidades diferenciadas. O princípio contratual que merece destaque aqui, nessa relação entre escola, pais, mães e alunos é o da colaboração. Pais, mães, avôs e avós desempenham papel fundamental no acompanhamento educacional de seus filhos. Esse acompanhamento sempre se fez necessário, mas agora revela-se mais importante do que nunca. E também desgastante, frustrante, trabalhoso e imensamente satisfativo – como todo processo educacional.
Artigo da autoria de João Paulo Forster
Publicado no Jornal do Comércio de 18.08.2020 – Espaço ‘Opinião’.
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